Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou um
estudo intitulado "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2011 - VIGITEL", que contou
com a participação de mais de 50 mil brasileiros de todas capitais do
País, por meio de entrevistas telefônicas.
De acordo com o VIGITEL,
17% dos brasileiros consumiram bebidas alcoólicas no padrão BPE,
correspondendo a 6,2% dos homens entrevistados e 9,1% das mulheres.
As mulheres, em especial,
são mais sensíveis aos efeitos do álcool devido a diversos fatores como,
por exemplo, os menores níveis das enzimas metabolizadoras do álcool e
menor quantidade de água no organismo - o que o torna mais concentrado*.
Estudos anteriores apontam uma tendência para aumento no consumo por
este grupo ao longo do tempo - dado este, que pode ser constatado em uma
pesquisa que publicamos recentemente no volume 67, da revista
científica Clinics (3ª edição).
Entre
os principais achados, verificamos que mulheres com melhores condições
econômicas e maiores graus de instrução apresentaram maior uso desta
substância, sendo o oposto entre os homens: os que mais consumiram foram
aqueles com graus inferiores de escolaridade e piores condições
econômicas. Além disso, constatamos o aumento dos problemas relacionados
ao consumo (danos não intencionais, como acidentes de trânsito,
prejuízos em atividades sociais, entre outros), na medida em que as
mulheres passaram a consumir em padrões mais pesados (como o BPE) -
tipicamente não diferindo dos homens em relação às consequências nocivas
do álcool.
Acredito que as
transformações do papel da mulher nas últimas décadas possam explicar a
tendência de se igualarem aos homens em relação a comportamentos vistos
anteriormente como "masculinos", como o consumo em padrões mais pesados.
Outros fatores que podem influenciar neste aumento são: estresse da
dupla jornada de trabalho, conquista de melhores condições
socioeconômicas, maior convivência com homens bebedores, maior aceitação
social do uso, entre outros.
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