Terça-Feira, 12 de Junho de 2012 as 07:44
Após 27 dias de greve de professores, a Universidade Federal do Piauí
suspendeu a matrícula do segundo período da instituição, cujo início estava
previsto para agosto. Os departamentos e coordenadorias iriam apresentar ontem
o quadro de ofertas de disciplinas para o segundo período de 2012, mas
desistiram por causa da paralisação.
A Ufpi possui 12 mil
alunos O presidente do Sindicato dos Professores da Universidade Federal do
Piauí (Adufpi), Mário Ângelo de Meneses Sousa, afirmou que a categoria decidiu,
em assembleia realizada ontem, protocolar reivindicação à direção da
instituição para suspensão imediata do calendário escolar em função de 95% dos
1.460 professores terem aderido à greve dos docentes das universidades
federais. "Suspenso o calendário escolar, as aulas que foram ministradas a
partir do dia 14 de maio não terão valor", afirmou Mário Ângelo.
Por causa da decisão
de alguns professores continuarem ministrando aulas após a greve, estudantes da
Universidade Federal do Piauí ficam assistindo às aulas em horários não
consecutivos e quando o restante dos professores voltarem ao trabalho irão para
as aulas repostas e não terão férias.
Residente na cidade
de José de Freitas, a 38 quilômetros de Teresina, Lorena Oliveira Neves, que
faz o curso de Letras-Inglês, disse que não pode voltar para ficar com sua família
durante a greve porque os professores de duas das setes disciplinas que cursa,
os de Morfologia e Cultura dos Povos, resolveram continuar trabalhando para não
ocorrer atraso em seus calendários acadêmicos.
"Eu assisto às
aulas duas vezes por semana, mas como as outras cinco disciplinas em que estou
matriculada não estão sendo ministradas, posso, mesmo assim, perder o ano
letivo e nem posso voltar para minha cidade no período da greve", declarou
Lorena Oliveira Neves.
Muitos professores continuam dando aulas
Mário Ângelo afirmou
que a maioria dos professores de pós-graduação da Universidade Federal do Piauí
continua trabalhando. Graduada e com mestrado na Universidade Estadual do Rio
de Janeiro e com doutorado na Unicamp (Universidade de Campinas), a professora
de Língua Portuguesa do curso de Letras da Universidade Federal do Piauí, Maria
Angélica Freire de Carvalho, disse que os professores aderiram e estão bem
integrados à greve.
Ela afirma que os professores querem a valorização da carreira, que diz
respeito não apenas à questão salarial como também à valorização da profissão
sob o ponto de vista social.
"Temos uma defasagem salarial dos professores e não é de agora. Os
professores têm muita dificuldade, se comparada a relação custo benefício do
investimento na própria carreira. Temos que comprar livros, ir para congressos, investir em mais estudos, para
investimentos em si mesmo, enquanto cidadão.
Está muito difícil, o
professor precisa investir muita dedicação em sua carreira. Para se manter como
profissional de qualidade, o professor precisa investir bastante.
Para você participar
de um congresso, precisa pagar inscrição, ter tempo para estudar, um livro
custa caro, os serviços de internet custam muito caro e ainda temos a vida. O
salário do professor não condiz com o tempo de preparo para sua formação",
declarou Maria Angélica Freire.
Os salários dos
professores da Universidade Federal do Piauí variam de R$ 1.500,00 por mês, por
carga horária de 20 horas semanais, a R$ 7.600,00 para professor com doutorado,
que estuda uma média de 24 anos até conseguir o título, e dedicação exclusiva.
Mário Ângelo diz que um inspetor da Polícia Rodoviária Federal, com
formação de ensino médio, está ganhando R$ 9.900,00
por mês e os grevistas querem que os professores das federais com doutorado
tenham salário igual aos doutores do quadro do Ministério da Ciência e
Tecnologia, que é de R$ 10 mil por mês.
Fonte: http://www.meionorte.com

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