Autora: Nelcy Ferreira da Silva*
Predomina no imaginário coletivo a ideia que
o nutricionista tem apenas o papel de prescrever dietas para pessoas que estão
acima do peso. Muito além desse estereótipo, o profissional – cuja data é
comemorada neste dia 31 de agosto – está presente em diversas iniciativas que
buscam prevenir doenças e contribuem para promover a qualidade de vida e a segurança
alimentar dos brasileiros.
O primeiro curso de Nutrição no Brasil foi
criado em 1939, com duração de um ano.Desde então, os profissionais que são
inseridos no mercado têm uma formação em nutrição humana, cada vez mais
multidisciplinar e completa. Com isso, ele é capacitado a cumprir seu papel
social de contribuir para a prática da alimentação saudável, uma das armas mais
poderosas para prevenir e combater diversas doenças e agravos não- transmissíveis,
responsáveis por elevados custos sociais e econômicos na saúde pública
brasileira.
Devido a essa formação ímpar, o campo de
atuação do nutricionista tem se expandido ao longo de 41 anos que se passaram
desde a regulamentação da profissão, em 1967. Uma pesquisa realizada pelo
Conselho Federal de Nutricionistas em 2005 apontou que os graduados em Nutrição
em todo o Brasil estavam trabalhando em Nutrição Clínica (41,7%),Alimentação
Coletiva (32,2%), Saúde Coletiva (8,8%), ensino e educação (8,8%), Nutrição Esportiva
(4,1%) e indústria de alimentos (3,7%). Hoje, além dessas seis, há a área de Marketing
em alimentação e nutrição.
A compreensão da importância desse
profissional avança e ele passa a conquistar cada vez mais espaços, como por
exemplo, em bancos de leite humano, em transplantes de células tronco,em
instituições de atendimento ao idoso e em atendimentos domiciliares a famílias que
buscam se alimentar de forma adequada. Neste ano, novos campos de trabalho
foram conquistados, a partir da inserção do profissional nos recém-criados
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e da obrigatoriedade de que os
planos de saúde oferecessem consultas
com nutricionistas, aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Paralelo a isso, houve também um aumento do
número de instituições de educação superior que oferecem o curso. De 1996 a
2007, foi percebida uma ampliação de 507% do número de graduações em Nutrição
no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O número de profissionais inscritos nos
Conselhos Regionais de Nutricionistas – requisito obrigatório para exercer a
profissão no Brasil aumentou cerca de 400% nos últimos sete anos.
O avanço na inserção do profissional em diversos
campos da saúde no Brasil faz parte de uma nova perspectiva sobre a promoção da
vida saudável, na qual a alimentação adequada exerce papel essencial,
juntamente com a atividade física. Essa visão contribui para que a população
busque cada vez mais um acompanhamento nutricional. Uma das principais consequências
disso é mais saúde para toda a sociedade brasileira.
Hoje comemoramos o dia do nutricionista
certos de que o profissional tem cumprido seu papel e ainda tem muito a
contribuir. O futuro oferece ainda mais oportunidades para isso. Os desafios
que o nutricionista enfrenta no dia-a-dia estão no compasso de importantes questões
que se impõem atualmente. São exemplos a segurança alimentar e nutricional,
diante da alta do preço dos alimentos, os distúrbios alimentares enfrentados
por jovens que querem se
adequar a padrões estéticos e os alimentos geneticamente modificados, entre
outros temas.
*
Nelcy Ferreira da Silva é presidente do Conselho Federal de Nutricionistas,
professora
da Universidade Federal Fluminense e especialista em Saúde Pública pela
ENSP/FIOCRUZ.
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